terça-feira, 14 de julho de 2009

ESTUDO DE CENÁRIOS FUTUROS

INTRODUÇÃO
As constantes mudanças e a instabilidade permanente fazem parte do ambiente natural do homem e das corporações. A possibilidade de antecipar o futuro e poder reagir a tempo de evitar problemas ou aproveitar as oportunidades, faz com muitos pesquisadores, tentem encontrara melhor maneira, de conseguir decifrar os sinais para desenvolverem planos de ações que propulsionem as pessoas ou as empresas aos cenários almejados.
Da Silva (2003) contribui para esclarecer sobre a necessidade de conhecer o futuro, “a antecipação poderá garantir a sobrevivência por mais tempo”.
DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE TERMOS LIGADOS AO ESTUDO DE CENÁRIOS
FUTUROS E AS PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
O autor apresenta em sua obra “Formulação de cenários prospectivos”, os termos aplicados a visão do futuro, com suas principais referencias históricas. Os dados deste trabalho foram foram aqui reproduzidos na integra, por facilitar a compreensão, da relação dos fatos com a época e os atores que atuavam naquele cenário. E foram apresentados da seguinte forma:
PROFECIA E PREDIÇÃO
ANTIGUIDADE
(4.000 a.C. até 476 d.C.)
Bíblia– Inspiração Divina (Ex: Moisés/Fuga do povo Hebreu)
Grécia- Oráculos de Apollo / Cidade de Delphos
Egito- Sacerdótes anunciavam a colheita antes do plantio / cor da água do rio Nilo.
IDADE MÉDIA (476 até 1453)
Magos e bruxos e alquimistas descreviam suas visões sobre o futuro, com base em profecias e especulações, tinham influencia sobrenatural ou mistica (Crenças)
IDADE MODERNA (1453 ATÉ 1789)
Maquiavel, Bodin, Hobbes, bosvel - ABSOLUTISMO ( “Poder absoluto dos Reis”) - Distino dos súditos dependia dos Monarcas.
SECULO XVIII
Locke, Mostequiev, Rousseau, - Revolta contra “O direito Divino dos Reis” (Contestação às monarquias).
Maupertuis – Cartas sobre o progresso da ciência – Simetria entre o passado e futuro; Influência da ciência no futuro.
IDADE CONTEPORÂNEA (1789 até os dias atuais)
Século XIX ( semelhante ao Séc. XVIII)
SÉCULO XX
PROJEÇÃO
Londres 1902 – George Wells - (royal Institute of London) - “O descobrimento do futuro”.
Associou o futuro a tendências do passado (Estudos econômicos e sociais).
PREVISÃO
Década de 30 – Aldous Huxley – “O Admirável Mundo Novo”- Associou uma possibilidade a ocorrência de um fato, transformando a projeção em previsão.
Pós II GM (1945) – Guerra fria (EUA x URSS) e reconstrução da Europa – Primeiros trabalhos de planejamento de longo prazo; Militar (EUA) e econômico França.
PROSPECTIVA
França 1957- Gaston Berger – Visão Prospectiva (vários futuros) – Livro “A atitude prospectiva “(Primeiro a usar o termo prospectiva)
EUA – Décadas de 50 e 60
RAND CORPORATION (Centro de Estudos Prospectivos) – Vários futuros possíveis.
Hudson Institute ( Herman Khan lança o livro “O ano 2000”, em 1967) – Previsões e prospectivas (mescladas).
DÉCADAS DE 70 e 80 – Vários tipos de estudos prospectivos (médio e longos prazos)
EUA (M.I.T.) e FRANÇA ( instituto de Polemologia)- Estudos prospectivos (cenários ) para apoioar o planejamento estratégico de médio e longo prazo.
JAPÃO1975 (Instituto de Ciência do Japão) – Evolução da Sociedade Industrializada para a Sociedade Informatizada – Realização de cenário Japonês para 2000 (25 anos).
SHELL– Cenários prospectivos de longo prazo ( Crise do petróleo 1973)
Ampliação de estudos no Brasil – BNDS, Petrobras, SAE, Governo dos estados de São Paulo, Paraná, Pernambuco e outros.
A partir de 2000 – Uso acentuado da prospectiva – Crescem as turbulências ambientais. Aumento das necessidades de respostas em tempo real.
DIFERENÇAS CONCEITUAIS
PREVISÃO
Utiliza as técnicas:
EXPLORAÇÃO – Prolongamento da tendência
ANALOGIA – Identificação de caso atual
CAUSALIDADE – Causa que persistirá
PRESSÁGIOS – Correlações entre os acontecimentos , raio e trovão
VISÃO PARCIAL OU SETORIAL – FUTURO ÚNICO E CERTO (DETERMINISMO)
Futurodefinido pela situação do presente => extrapolação(tendência)
O homem e as sociedades em atitude passiva => aceita o futuro
FUTURO EXPLICADO POR FATOS DO PASSADO
Projeção se transforma em previsão quando contém uma probabilidade.
PROSPECTIVA
UTILIZA: Técnicas qualitativas e quantitativas
VISÃO GLOBAL
Integra e relaciona todas as variáveis (endógenas e exógenas) do problema estudado.
FUTUROS MULTIPLOS E INCERTOS (NÃO HÁ DETERMINISMOS)
Base em fatores objetivos e subjetivos (qualitativos).
O homem e sociedade em atitude ativa (atua para construir o futuro desejado e para afastar o que lhe é adverso)
Guerra nas estrelas (1982) Governo Reagan, A estratégia Militar (-) X estratégia econômica (+)
Cenário 1 – Guerra nuclear
Cenário 2 – Fragmentação da URSS.
ASPECTOS HISTÓRICOS RELACIONADOS A PROSPECÇÃO E A PROJEÇÃO
Prospectiva, palavra de origem latina do seculo XVI definida por Godet (1993), como “olhar para longe ou de longe, discernir alguma coisa que está à nossa frente”.
Herman Kahn, é considerado por Fahey (1998) e Heijden (1996), como o introdutor das noções de cenários e seu desenvolvimento, tendo como um marco, a publicação de seu livro “The Year 2000”, fazendo com que a palavra “cenário” fosse introduzida na prospectiva.
Em 1970, em um estudo de prospectiva geográfica realizado pela Datar, a metodologia de cenários, foi aplicada pela primeira vez.
Marcial (2001), citando Wack (1985), relata que a partir do inicio dos anos 70 os erros das previsões tornaram-se mais frequentes em função da instabilidade mundial, principalmente no que dizia respeito ao mercado de petróleo.
Em 1985, Porter , influenciado por Peter Schwartz, analisa os cenários sob a perspectiva econômica, adaptando a metodologia utilizada pela Royal Dutch/Shell para uma realidade mais negocial.
Em 1987, Michel Godet divulga “Cenários e a administração estratégica”, primeira publicação realmente cientifica a respeito do assunto.
Em 1988, com o surgimento da Global Business Network, a utilização dos cenários como instrumentos de planejamento estratégico é popularizada.
ESTUDO DE CENÁRIOS NO BRASIL
Segundo Marcial (1999), as primeiras organizações a fazerem uso de cenários no Brasil, foram a Eletrobrás em 1987 e a Petrobras em 1989.
O trabalho desenvolvido elo BNDS, em 1989, de conteúdo mais econômico, teve grande impacto e abriu grande discussão politica sobre os cenários no Brasil.
Buarque (1998) relata as iniciativas do CNPq em 1989, da FINEP em 1992, e da Seplan/PR, com o projeto Aridas, em 1994, que possuíam diferentes enfoques e cortes setoriais, temáticos ou espaciais.
A secretária de assuntos estratégicos – SAE, inica em 1996, o desenvolvimento dos estudos que geraram em 1997, os cenários exploratórios do Brasil 2020 e os cenários desejados para o Brasil em 1998.
O IPEA em 1997, teve uma grande iniciativa com o estudo “O Brasil na virada do Século. Trajetória do crescimento e desafios do desenvolvimento.
Apesar do aumento do numero de organizações que começaram a utilizar o método de cenários, devida a incerteza e instabilidade, ocorrida na decada de 90, as publicações sobre o tema apenas relataram métodos já desenvolvidos ou forneciam algum aperfeiçoamento sem, apresentarem propostas metodológica revolucionária diferente dos principios básicos lançados por Berger e Herman Kahn.
CONCEITOS RELACIONADOS
Cenário é o conjunto formado pela descrição (de forma coerente, plausível e consistente) de uma situação futura (cena) e do encaminhamento (trajetória) dos acontecimentos (eventos) que permitem passar da situação de origem (atual) para outra”. Adaptado de Michel godet, 1993 pelo autor.
Um cenário é uma descrição que contém atores, ambiente, os seus objetivos e sequencias de ações e eventos. Pode incluir também os obstáculos, contingências, e êxito dos atores”. Wikipédia (2008)
Godet (1997), apud (MARCIAL,2001), “ele completa sua definição afirmando que um cenário não é a realidade futura, mas um meio de representá-la, com o objetivo de nortear a ação presente à luz dos futuros possíveis e desejáveis”.
Para Schwartz (2003), Cenários são ferramentas de ordenação da percepção sobre ambientes alternativos futuros, que possibilitam o cumprimento das decisões pessoais. Sendo, ainda, uma forma de sonhar com maior eficiência, empregando um conjunto de métodos organizados”.
Porter (1992), citado por Brasiliano (2008), apresenta a definição de cenários no contexto da industria:
[…] “uma visão internamente consistente da estrutura futura de uma industria. Baseia-se em um conjunto de suposições plausíveis sobre as incertezas importantes que poderiam influenciar a estrutura industrial, considerando as implicações para a criação e a sustentação da vantagem competitiva. O conjunto completo de cenários, e não o mais provável, é utilizado para projetar uma estratégia competitiva”.
Na visão de Rattner (1979), citado por Brasiliano (2008):
[…] “a construção de cenários visa a um procedimento sistemático para detectar as tendencias prováveis da evolução, numa sequencia de intervalos, e procura identificar os limites da tensão social nos quais as forças sociais poderiam alterar essas tendências. Essas atitudes envolvem juízos sobre que estrutura e parâmetros são importantes e que objetivos e metas inspiram e motivam essas forças sociais”.
Para Heiden (1992), apud Brasiliano (2008), os cenários são ferramentas que têm por objetivo melhorar o processo decisório, com base no estudo de possíveis ambientes futuros.
TIPOS DE CENÁRIOS
Ideal ou normativo => futuro desejado
Exploratórios extrapolativos => livre de surpresas
=>com variação canônica
Exploratórios múltiplos =>vários futuros alternativos contrastados
CONCLUSÃO
Um numero cada vez maior de organizações estão utilizando a metodologia de cenários, na elaboração de seus planejamentos estratégicos. E essa poderosa ferramenta de prospecção não são capazes de interferir no futuro, mas, nos dão informações importantes para a tomada de decisões hoje, dentro do ambiente em que a empresa está inserida. Eles configuram futuros possíveis ou prováveis, são retratos de futuros incertos e divergentes desenhados para chamar a atenção sobre os riscos e oportunidades que poderemos nos deparar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, Arnaldo Silva. “FORMULAÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS” apostila Universidade Gama Filho- Brasilia-DF, 2009.

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