Percebe-se que as
empresas que conseguiram desenvolver um bom trabalho de concepção da estratégia
e levá-la até os níveis mais operacionais precisam, num segundo momento,
intensificar os trabalhos para garantir uma efetiva integração entre a gestão
operacional e a gestão estratégica.
Numa pesquisa
realizada recentemente pela Balanced Scorecard Collaborative (BSCol) com
empresas que implementaram ou estão implementando programas de Balanced
Scorecard (BSC), uma das melhores práticas (das empresas que obtiveram ganhos
extraordinários) foi vincular o BSC com a gestão operacional. Nesse sentido, o
alinhamento dos processos de negócio ao BSC tem se mostrado uma boa prática.
Assim, o
alinhamento da Gestão Operacional à Gestão Estratégica da Organização tem como
grandes desafios:
- Suportar a estratégia;
- Alinhar a gestão de longo prazo
à gestão de curto prazo.
Em relação ao
primeiro desafio (suportar a estratégia), o que as empresas necessitam é rever
seus processos à luz da estratégia, pois quando falamos de estratégia e
operação estamos falando de dois momentos diferentes. A estratégia está focando
um momento futuro, algo que a organização quer ser daqui a cinco ou 10 anos,
enquanto os processos estão estruturados no presente, no que a organização é
hoje.
Essa diferença
entre horizonte, e momento, faz com que os processos atuais não
sejam totalmente aderentes às demandas da estratégia. Isso faz com que os
executivos das organizações se perguntem: Os processos da nossa Organização
estão prontos para suportar o nível de desempenho demandado pela Estratégia?
Muitas vezes a resposta é não.
Quando essa
dúvida aparece, torna-se importante reavaliar os processos de negócio da
empresa, entendendo os grandes requerimentos que a estratégia demanda e o grau
de integração entre os processos atuais e a estratégia. A partir dessa análise,
faz-se necessário definir os direcionadores que nortearão um possível redesenho
estratégico dos seus processos de negócio (SPR - Strategic Process Redesign).
Todo esse
processo de alinhamento da gestão operacional com a gestão estratégica passa
pela construção de um ou mais níveis intermediários. Para a grande maioria das
empresas, algum nível intermediário é fundamental, pois há uma distância muito
grande entre o que a estratégia demanda e o que a operação oferece ou pode
oferecer. Assim, quanto maior a distância entre a operação e o estratégico,
mais complexa e mais abstrata torna-se a conexão entre os processos e a
estratégia. Um ponto importante é entender claramente qual processo, ou quais
processos serão responsáveis por entregar tal parte da estratégia e como eles
se inter-relacionam, de forma que, na soma das partes, a estratégia seja
atingida.
No Brasil, devido
ao curto tempo em que o Balanced Scorecard está presente nas organizações,
muitas destas empresas ainda estão trabalhando fortemente na tradução e na comunicação
da estratégia.
Porém, o Brasil
já apresenta alguns casos de empresas que estão colocando no conjunto de suas
melhores práticas de gestão, o alinhamento dos seus processos à estratégia.
Essas empresas,
mais do que uma melhoria contínua dos seus processos de negócio, buscam estar
com seus processos aptos para os grandes saltos de desempenho exigidos pela
estratégia para os próximos anos. Estas empresas sabem que apenas os esforços
relacionados à melhoria contínua não trarão resultados extraordinários e nem
será suficiente para alcançar a estratégia.
Em relação ao
segundo desafio (alinhar a gestão de longo prazo à gestão de curto prazo), a
necessidade identificada nas empresas é a de que elas reconheçam com mais
facilidade onde mexer e com qual intensidade quando a estratégia muda, ou
quando as metas mudam.
Vamos fazer um
raciocínio paralelo. Imaginemos um conjunto de engrenagens em que a Gestão
Operacional atue desconectada da Gestão Estratégica. Nesse caso, a Gestão
Operacional poderia ter velocidade própria, sentido próprio, rotação própria.
Assim, uma mudança em qualquer um desses parâmetros na primeira engrenagem não
afeta a segunda engrenagem.
Quando
estruturamos um modelo para garantir o alinhamento da Gestão Operacional à
Gestão Estratégica, seria o mesmo que colocarmos uma terceira ou uma quarta
engrenagem na estrutura anterior. Assim, a velocidade, a rotação e o sentido da
Gestão Operacional são determinados pela Gestão Estratégica, ficando mais
preciso determinar onde será o impacto operacional ao mudarmos uma meta ou
estratégia e com que intensidade atuar.
Dessa forma, o
alinhamento da Gestão Operacional à Gestão Estratégica é um passo para aquelas
empresas que querem se tornar uma organização orientada para a estratégia, e
que valorizam o pensamento estratégico nas ações do dia-a-dia e um grande passo
para obter ganhos extraordinários.
Quando as
empresas fazem suas análises estratégicas, visam efetivamente alcançar os
objetivos estratégicos almejados através de indicadores de acompanhamento
estratégico. Uma vez que estes objetivos estão aquém das expectativas, cabe aos
líderes entenderem o problema e analisarem alternativas para que as metas sejam
efetivamente alcançadas.
Para desenvolver
estas propostas de alternativas é preciso, além de outras análises, verificar o
reflexo da eficácia dos processos atuais sobre a estratégia conhecendo
efetivamente a conexão entre a estratégia e cada um dos processos de negócio.
Esta conexão faz
o papel de ligar o nível estratégico e o operacional, como se fosse a
engrenagem no raciocínio anterior. E, ao apertar ou afrouxar uma meta
estratégica, rapidamente redireciona-se a gestão operacional para adequá-la às
novas demandas estratégicas.
Assim, qualquer
que seja o mecanismo que conecte a estratégia aos processos de negócio da sua
empresa, o importante é ter claro o impacto que cada parte da sua operação tem
nos objetivos da organização, bem como saber a cada nova demanda da estratégia,
sobre qual parte da operação essa demanda irá recair e, assim, poderá atuar
sobre ela de forma mais assertiva.
Fonte
FGV on line
SEDRANI, Luiz
Gustavo. Alinhando a gestão operacional à gestão estratégica da sua
organização. [S.l.:s.n.].
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